sexta-feira, 23 de julho de 2010

Experiência Imaginária... #6


Imagine você... num ambiente, um quarto, relativamente grande ou pequeno, quem houvera de saber, o ambiente fechado, completamente escuro... silencioso... nenhuma imagem que se pudesse ver, nenhum ruído ouvir. Você trancado naquele aonde enclausurado. O ar faltando aos seus pulmões. Nada que pudesse distrair seus pensamentos que assim, embaralhados, se perdem em meio à tantas lembranças confusas demais... imagens de outroras idos, de lugares longínquos que à custa de grande esforço começam a surgir feito resquício de uma realidade esvaída, que não existe mais. Essas lembranças pálidas, esmaecidas, confusas, perdidas... são tudo o que lhe restava, e a angústia, e o desespero da clausura e a solidão... quando então seu pensamento, tomado por tantos e tão maus sentimentos... você grita! Mas as paredes abafam o sentido da palavra em grito. Afinal, não há quem possa ouvir seu pedido por ajuda, não há quem possa o socorrer... e depois de tanto e tanto lutar contra aquela irremediável situação, você percebe que a única solução é reconfigurar aquilo que outrora havia ao seu redor... tendo sabido isso, começa assim a reconstruir a realidade em luzes, cores, formas, traços... amarelo. O amarelo passa a ocupar todo o vasto ambiente, grande, largo. No alto o violeta, era o céu em ocaso... e sobre o violeta uma forma arredondada e vermelha. Embaixo o verde, feito um vasto tapete, sobre o qual achava-se deitado um estranhado ser em riscos ágeis, azuis, o traço intermitente fazia uns olhos contemplativos, esquecidos de quaisquer aborrecimentos... num outro canto um traço rosa fazia uma linda moça esvoaçante, os cabelos soltos, amarelos, a boca entreaberta ameaçando o assobio de uma linda melodia e fazia o vento, o assoprar delicado desses lábios vermelhos, uma brisa reconfortante fazia mover lentamente uma mancha azul lá no alto e que se reconfigurava à cada instante em formas que se assemelhavam à expressões de alívio, de tranqüilidade, no rosto de uns seres lívidos... e assim, todo o universo houvera se restaurado...

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