Realidades
Abri a janela... abri a pesada cortina... lá fora uma paisagem iluminada pela luz dum sol forte, quente, projetado num lento movimento ascendente em direção à profundidade abstrata da imensidão de um céu que sustentava a etérea leveza de umas parcas nuvens, que um vento suave fazia mover, reconfigurando a cada instante formas discordantes à significação de nuvem. Mais abaixo, na extremidade inferior, uma massa opaca de morros era vista em perspectiva linear, aonde diversas construções irregulares brotavam da terra junto à variadas espécies de plantas. Eu podia ouvir o movimento de tudo aquilo, onde pessoas, invisíveis àquela distância, interagiam com toda aquela realidade, assim tão dinâmica...
Retrato de Cantolíria...
Fechei a janela... fechei a pesada cortina... aqui dentro, uma escuridão completa, silêncio absoluto...contemplo por um instante a ausência de tudo e absorto em meio ao nada começo a reconfigurar uma certa paisagem... sob uma luz amarelada uma vasta mancha de azul em diferentes tonalidades, do azul mais claro ao mais escuro, de baixo para cima, o que provocava uma certa ilusão de profundidade, posto que tudo era plano e naquela planitude azul, massas alaranjadas compunham formas que se assemelhavam à seres na medida em que um sopro, suave e morno, com hálito de alecrim, provocado por uns lábios vermelhos, carmesim, que emitiam sussurros esses lábios perto e longe de mim... formas verdes, curvilíneas, faziam morros aonde salpicavam cores variadas em pingos, riscos, traços, violeta, magenta, azul, verde, laranja, amarelo, rosa... uma imensidão de variadas cores que sobrepostas e ladeadas, faziam crer habitações e flora inigualáveis... e em meio à tudo isso, o sussurro do sopro daqueles lábios vermelhos, e retumbantes toques de sinos e palavras soltas e gemidos e cantar de passarinhos, interagiam com toda uma desconcertante realidade, assim tão dinâmica...
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