Fechei meus olhos... e a tela branca, grande superfície branca, que se achava bem no meu defronte, tornara-se completamente preta, à custo do enorme esforço que fazia para afastar do meu pensamento quaisquer imagens. Fosse memória de coisa acontecida, fosse figura de pessoa querida, fosse detalhe de paisagens, objetos, enfim, qualquer imagem que fosse. E a tela assim, era completamente preta. Daí comecei a pintar aquela. Comecei a reconstruir um universo de imagens em formas, cores, sons, cheiros, sabores, partindo de uma completa abstração e fazendo uso somente de palavras, palavras que carregavam gestos e cores... e para dar luz à esta tela, veja bem, ouça-me com cuidado...peguei um pincel grosso, macio e mergulhei-o num pote de cor amarela. Com isso fiz um grande movimento horizontal, da esquerda para a direita, e o toque do pincel na superfície provocou largo traço. Mergulhei-o novamente no amarelo e fiz segundo traço mais acima. Com o violeta preenchi, num único gesto, o corredor formado entre os dois traços amarelos. Sobre o violeta vários toques dispersos, de azul, e com o alaranjado, um traço vertical no centro. Deixei pingar no canto superior esquerdo, algumas grossas gotas de verde e começando ali no mesmo canto, fiz alguns riscos, finos, vermelhos, que se espalhavam em todas as direções até se aglutinar no canto inferior direito. Com o rosa fiz alguns movimentos circulares na extremidade superior direita onde pus, próximo, um verde escuro e este mesmo, aleatoriamente, escorreu formando uma linha até a extremidade inferior direita. Alguns toques, pontos de magenta espalhados, outros de azul claro que se concentravam no centro...
e assim dei por fim a construção daquela imagem...
e assim dei por fim a construção daquela imagem...
Nenhum comentário:
Postar um comentário