terça-feira, 27 de abril de 2010

Cantolíria em Exercícios Pictóricos.

Num processo de investigação acerca das possibilidades de realidade, parto de uma afirmação que diz que a realidade é uma invenção minha. Ao fazer essa afirmação, deixo implícita a questão de relatividade, enfatizando a multiplicidade de possibilidades concernentes a esse conceito de real. Afinal, a realidade é uma construção que se dá em função de diversos aspectos bastante subjetivos. Fatores que cercam o sujeito determinando, em certa medida, suas possibilidades de escolha. Sendo assim, a realidade vivida passa a ser construída a partir da determinação dessas escolhas. E como elas são feitas, bem, uma vez apresentadas as possibilidades, cada escolha será feita levando em consideração o destino dessa viagem, sendo entendido, o destino, como a concretização dessa realidade. Para isso, o sujeito atua como um caminhante, percorrendo o mundo atentamente, em busca de uma compreensão dos modos de vida. Fazendo Registros de Aparentes Realidades. Afinal, não há questionamentos sem a assimilação de conhecimentos. Nesse sentido, quando proponho-me a investigar e reconfigurar o conceito de realidade, atuando como um caminhante, passo a apreender, através da curiosidade e do olhar crítico, o maior número de experiências que me permitirão chegar, enfim, a esse lugar determinado. Um espaço entre aquilo que é possível e o que é almejado. Assim apresento Cantolíria, como uma nova realidade criada a partir da exposição das imagens construídas através da elaboração de Exercícios Pictóricos, que espalhadas pelo espaço público, confundem-se com a realidade aparente, quando realizo exposições desses trabalhos, fixando-os nas paredes e deixando-os lá, ou quando organizadas num espaço fechado, formam Templos. Por Exercícios Pictóricos, compreende-se o processo de investigação da matéria, com a utilização de diversos materiais que combinados, buscam a criação de imagens, resignificando o conceito de pintura, como uma construção de formas através da cor, acrescentando a isso, outros materiais e suportes, como a palavra, no caso da proposição de Experiências Imaginárias, onde construo ambientes e situações que se apresentam sob a forma de textos e visam transportar o expectador para esse lugar, que passa a existir, na medida em que o imagina, ao ir lendo. A palavra como imagem. Ou mesmo acrescentando objetos, como bancos e cadeiras ou ambientações reais, como banheiros e quartos, no caso da série Acomodações, onde SERES pintados se deslocam da tela e passam a existir, a partir do encontro, da acomodação junto a esses ambientes e objetos “reais”. A pintura, nesse meu processo, funciona como uma ferramenta para a materialização desse lugar, Cantolíria. Através da realização de Exercícios Pictóricos, e a partir do acúmulo dessas experimentações no espaço, construo Templos, lugares que permitem uma experiência sensorial, sinestésica, onde estímulos como cor, formas, sons, cheiros, dados pelos próprios trabalhos, e sua organização no espaço, se apresentam no sentido de estimular uma compreensão de Cantolíria, através das sensações, permitindo o compartilhamento dessa nova realidade criada. A fim de realizar esse compartilhamento, o que se configurará como a efetivação da proposta, são ainda apresentados alguns indícios, como no caso do deslocamento dessas imagens para a rua, misturados a essa aparente realidade, o que visa proporcionar uma experiência de Cantolíria, no sentido de propor que essa nova realidade seja apreendida pela observação do outro, ao longo de seu próprio caminhar.

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